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Dúvidas linguísticas
uso do apóstrofo
Quando posso utilizar o apóstrofo na língua portuguesa? Posso utilizá-lo como na língua italiana?
O uso do apóstrofo está definido nos textos legais que regulam a ortografia portuguesa, nomeadamente nas bases XXXIII a XXXVIII do
Acordo Ortográfico de 1945
ou na Base XVIII do
Acordo Ortográfico de 1990
. Refira-se que o novo acordo ortográfico não altera nada no uso do apóstrofo.
Segundo esses textos legais, o apóstrofo usa-se nos seguintes casos:
a) numa contracção em que um elemento pertence a um conjunto vocabular distinto (ex.:
n'Os Lusíadas
) ou em que se quer dar destaque com maiúscula a um elemento (ex.:
acredito n'Ele
);
b) na ligação das palavras
santo
ou
santa
(ex.:
Sant'Ana
) a alguns antropónimos e na ligação de alguns antropónimos (ex.:
Nun'Álvares
);
c) na elisão da vogal
-e
da preposição
de
em algumas palavras compostas, na maioria das vezes com a palavra
água
(ex.:
copo-d'água
,
lobo-d'alsácia
,
mãe-d'água
,
pau-d'arco
,
queda-d'água
,
vinha-d'alhos
).
fim-de-semana / fim de semana
A palavra
fim de semana
, aparece em todo o lado escrita com hífen, inclusive no vosso dicionário. Contudo, quando estudei a língua portuguesa nas cadeiras da faculdade, foi-nos dado como referência um manual que nos serviu como a Bíblia da Língua Portuguesa: a
Nova Gramática do Português Contemporâneo
. Esta gramática de Celso Cunha e Lindley Cintra afirma na página 107 que a palavra
fim de semana
é um exemplo de quando os elementos justapostos conservam a sua "autonomia gráfica", tais como
Idade Média
e
pai de família
. Assim sendo, gostaria que me informassem se é correcto a utilização das duas formas, ou se a
Nova Gramática
já está desactualizada.
O registo de
fim-de-semana
como palavra hifenizada é feito pela esmagadora maioria das obras de referência do português europeu, nomeadamente o
Vocabulário da Língua Portuguesa
, de Rebelo GONÇALVES, o
Grande Vocabulário da Língua Portuguesa
, de José Pedro MACHADO, o
Dicionário da Língua Portuguesa On-line
, o
Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa
ou o
Grande Dicionário Língua Portuguesa
, da Porto Editora.
Como contraponto, a palavra hifenizada está praticamente ausente das obras de referência do português do Brasil, não constando, por exemplo, do
Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa
, da Academia Brasileira de Letras. A locução
fim de semana
é registada em obras como o
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa
, o
Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa
ou o
Aulete Digital - Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa
.
É interessante, neste aspecto, comparar a edição brasileira (Ed. Objetiva, 2001) e a portuguesa (Círculo de Leitores, 2002) do
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa
e verificar que apesar de
fim de semana
estar registado nas duas edições como locução e não como palavra hifenizada, na edição portuguesa foi acrescentada a observação "também se escreve com hífen".
Relativamente ao que está estipulado nos textos legais que regem a ortografia portuguesa, a regulamentação sobre o uso do hífen é tão vaga que permitiria justificar que grande parte das locuções nominais fosse escrita com hífen. Leia-se, por exemplo, parte do texto da base XXVIII, a respeito de palavras/locuções com a mesma estrutura de
fim-de-semana
: "Emprega-se o hífen nos compostos em que entram [...] dois ou mais substantivos, ligados ou não por preposição ou outro elemento [...] e em que o conjunto dos elementos, mantida a noção da composição, forma um sentido único ou uma aderência de sentidos. Exemplos:
água-de-colónia, arco-da-velha, bispo-conde, brincos-de-princesa, cor-de-rosa
". Se aplicarmos estas indicações a
fim-de-semana
, podemos concluir que esta locução pode corresponder a um sentido único, pois corresponde a um intervalo temporal específico que não se limita a ser o
fim
de uma
semana
de trabalho, uma vez que pode a semana pode começar ao domingo e este está incluído no
fim-de-semana
.
A
Nova
Gramática do Português Contemporâneo
de Celso CUNHA e Lindley CINTRA não se encontra desactualizada, nem está incorrecta. O que acontece é que o ponto de partida desta gramática de 1985 foi a
Gramática da língua portuguesa
, de Celso Cunha (1972). Apesar de a colaboração de Lindley Cintra ter permitido incluir informação adicional sobre o português de Portugal e um contraste entre as duas normas, alguma informação veiculada segue a tradição lexicográfica do português do Brasil, como parece ser o caso com
fim de semana
. Citando os autores da referida gramática, "reitere-se que o emprego do hífen é uma simples convenção ortográfica" (p. 107) e, atendendo à sua parca regulamentação nos textos legais, baseia-se essencialmente nas tradições lexicográficas portuguesa e brasileira.
Em conclusão, pode dizer-se que não se trata de uma incorrecção escrever de uma ou de outra forma, pois não há determinação ortográfica que impeça nenhuma delas, tratando-se apenas de uma questão de respeito pela tradição lexicográfica das duas normas. Actualmente, será preferível escrever
fim-de-semana
no português de norma europeia, e
fim de semana
no português de norma brasileira, mas é de referir ainda que o Acordo Ortográfico assinado em 1990 (que, saliente-se, não está em vigor) preconiza (na alínea
a)
do art. 6.º da base XV), a forma
fim de semana
, ignorando o texto do parágrafo anterior que defende excepções "já consagradas pelo uso (como é o caso de
água-de-colónia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa
)".
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antidiftérico
antidiftérico
(
an·ti·dif·té·ri·co
an·ti·dif·té·ri·co
)
adjectivo
adjetivo
[
Medicina
]
[
Medicina
]
Aplicável contra a difteria (ex.:
vacinação antidiftérica
).
Origem etimológica:
anti- + diftérico
.